O CONFORMADO
-Vou largar aquela desgraçada
-Porra cara, há horas que você diz a mesma coisa.
-Não posso aceitar, corno não!
-Corno você é, corno será, cria juízo merda.
-Corno é o seu pai, filho da puta.
Horas as mesmas palavras, palavrões trocados entre eles. Essas discussões sem sentido se passavam no botequim do seu Joaquim, lugar sujo, com torresmo insossos e gordurosos, pingas de garrafões, lugar ideal para o encontros de bêbados, tipo os dois que insistia em não sair do local. Seu Joaquim já acostumado, esperava.
-Como ela pode fazer isso comigo João, me colocar chifre nos cornos?
-Mulher é assim mesmo Chico, são umas ordinárias.
- A minha não.......até hoje.......até.
-Não era, é assim mesmo.....um dia ela vê um cara, e cisma, e dá para ele. Pronto: mais um corno na área.
-Vou largar dela.
-Vai nada.
-Então vou matar os dois
-Mata nada
-Mato!
-Olha Chico, quando você pegou os dois na tua cama, você fez o quê?
-Nada
-Nada? Saiu chorando a minha procura e me trouxe aqui para tomar pinga
-Não é seu Joaquim?
-Sei não, briga entre marido e mulher eu não meto a minha colher.
-Não mete porque você é um corno também
-Corno não! Corno é o seu amigo
-Não precisa me esculhambar seu Joaquim, sou corno só hoje
-Vou matar eles
-Mata nada
- E os meus filhos?
-Tá vendo, conforme-se com os galhos
-Conformo não
-Conforma sim
Joaquim olhava para os dois bêbados e ria pensando na situação. Chico morava com uma
potranca e não tinha condição de por nela um cabresto.
-Sou um infeliz
-É não Chico, você tem boa companhia durante a noite em sua cama
-Seu porra, está me sacaneando?
-Nada disso amigo, não é verdade?
-É
-Então, lavou, tá nova.
-Võ matar eles
-Calma Chico, só dói quando nasce, igual a dente.
-Deixa de deboche comigo seu filho-da-puta.
- Deboche nada
-Não é verdade seu Joaquim? Só quando nasce, como o dele está enorme.
-Não sei de nada.
Disse e saiu de perto olhando de soslaio para os dois. Chico a pegou com outro na cama no dia da final da copa dos EUA. O Brasil foi treta. O Brasil é penta há muitos, e continua sendo assim. Quando se lembra da sua cornidade, vem chorar no botequim. É sabido por todos que a mulher lhe fantasiava a cabeça. E, é só lembrar disso para encher a cara de pinga com o amigo. Chico falava em matar, João brincava com ele. No final de tudo os dois saiam bêbados e cambaleando do bar.
-Chico, vamõ simbora
-Vou não
-Vamõ sim, já é tarde.
-Inté seu Joaquim
-Inté.
Seu Joaquim fechou as portas do botequim e foi dormir. Um dia normal.
Kaká de Souza
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMais um dia normal no botequim do seu Joaquim, assim como em muitos em todo o Brasil, seja por causa das mulheres enfeitando a cabeça de muitos Chicos por ai ou pelos mais variados motivos.
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