quinta-feira, 28 de outubro de 2010

AGENDA CULTURAL DO GACEMSS


PRESTIGIAM

domingo, 24 de outubro de 2010

CASTRAMENTO

1ª PARTE: “Foi quando entrou em meu taxi chorando e dizendo-me para levá-la em certo lugar,pois, recebera uma ligação com a seguinte informação: a irmã dela tinha sido estuprada por dois sujeitos na subida do morro*”

Fez uma pausa, chegou um rapaz no balcão

- Aguarda aí, meu caro, deixa eu atender o freguês.

Silva começara a contar para mim mais um causo, desse jeito, logo de impacto, ainda bem que chegou um freguês no bar. Meu contador de estória tinha melhorado após de dias acamado. Dei uma parada em seu bar para saber como ele se encontrava, e ele iniciou assim de supetão a me contar um fato acontecido a mais de trinta anos, quando ele ainda trabalhava como taxista.

Acabou de atender o freguês e aproximou-se.

-Onde parei mesmo?

- Ela entrara em seu taxi chorando.

“É? Esqueci de lhe contar que Solange era uma moça muito bonita, um pouco gordinha, mas com curvas generosas, olhar firme e alegre. Trabalhava há dez anos no supermercado Casas da Banha. Entrou como caixa, foi galgando de cargo até chegar a gerente, entrou com quinze anos, logo após seu pai morrer de acidente em uma empreiteira dentro da Usina*. Com uma mãe “doente de amor”, uma irmã de três anos de idade, a solução encontrada foi ela trabalhar para sustentar-las, pois, na morte do pai nada recebera, nem pensão, nem os direitos trabalhistas, esperavam a justiça”.

Fez uma pausa, agora sim, seu causo teve um início. Fiquei em silêncio para não interromper o raciocínio do velho.

“Eu a conheci no dia que entrou no mercado, como o ponto do meu taxi ficava defronte a sua caixa, eu a olhava, pensando como uma garotinha miúda perdia a adolescência em frente a uma caixa. Acabamos nos tornando bons amigos, como um pai e filha. Eu sentia como realmente ela fosse, ou até mesmo uma irmã menor. E no Plano Cruzado aproveitei dessa amizade, pois, com a falta de produtos, principalmente carnes, ela separava tudo para nós, os taxistas do ponto. Isso foi criando um laço entre mim e ela. Tinha dias que ela saia tarde do mercado, eu a levava em casa, em Ponte Alta, a dez minutos de lá.


2ª PARTE: “Como eu já te disse, ela entrou em meu taxi chorando e dizendo-me para levá-la em casa, ela acabara de receber uma ligação com essa informação: A irmã tinha sido violentada por dois sujeitos na subida do morro*”

“Não pestanejei, a levei para casa. Nesse ínterim eu já tinha conhecido a sua mãe e a irmã que agora estava com quase treze anos, olhos verdes igual a da mãe, desmazelado e sem brilho nos olhares, a filha tinha algo mais forte herdado da mãe, a diafaneidades, tipo porcelana. A sua progenitora vivia mais de cama, tinha dores psicológicas, e tinha perdido a esperança de receber o que a empreiteira lhe devia. Tive de concordar com ela, pois, a empreiteira faliu, mudou de nome, fiquei sabendo no ponto de taxi, não tive nem coragem de contar para a minha amiga”

“Quando eu e Solange adentramos na casa, e ver a pobre da menina toda machucada, senti raiva, os animais além de estuprá-la, bateram tanto na garota que seu rosto estava deformado, dentes, o maxilar e braços quebrados. A limpamos e a levamos para o hospital. O que já era para ter feito, porém, a mãe como sempre esperou a decisão da filha Solange”

“Dois meses, foi o tempo que garota ficou internada entre a vida e a morte, os machucados internos eram piores do que os externo. Estouram vários órgãos no interior da guria, o reto, o baço. Perdeu o útero. O pior é que todos do morro sabiam quem praticara a violência, mas ninguém tinha coragem de entregá-los, a diáfana não foi a primeira vítima. Os bandidos ficavam na entrada do morro*, e quando passa alguém desavisado eles atacavam.

3ª PARTE: Enquanto Silva atendia outros clientes que chegaram, lembrei-me do caso que ele estava contando, eu ainda morava em Barra Mansa. Li nos jornais da região sobre os estupradores do escadão. Eu acho que é o mesmo caso, aguardo. O ex-taxista senta ao meu lado e continuou:

“Solange ficou muito abatida, ela praticamente criou a irmã, sentia-se a responsável pelo acontecido. E ainda mais vivenciando todos os dias o trauma da pequena que não saia mais de casa, tinha vergonha dos tubos colocada pela lado de fora do seu corpo e plugado em seu intestino para ela defecar, pois, pelo reto ela não fazia mais. Tornou-se prisioneira das violências causada pelos ‘animais’. E a mãe de Solange não ajudava em nada, a não ser reclamar da vida”

“O tempo passou e Solange trabalhava normalmente no mercado, eu achava isso. Via a tristeza em seu olhar, normal para mim, devido os acontecimentos trágicos em sua família. Até que um dia, digo, na madrugada, às 3:00 horas da manhã, recebo um telefonema no orelhão perto do meu ponto. Pensei que era um cliente, mas não era, e sim Solange chorando desesperada de um telefone público em Ponte Alta, bairro da cidade. Tentei acalmá-la, mandei-a me esperar”

“Fui correndo ao seu encontro e imaginando o que poderia ter acontecido com ela. Eu a vi sair do mercado as 21:00 horas do dia anterior. Não vi nada de anormal em sua atitude”

“Ao chegar perto do local marcado, fui bem devagar, levei um susto ao vê-la pulando em frente ao meu taxi. Abri a porta e ela entrou com as roupas sujas de Sangue. Não perguntei nada. Levei-a para o Hotel Avenida no aterrado, dei-lhe um banho. Estava coberta de sangue e catatônica. Como eu conhecia as putas que frequentava o hotel consegui arrumar uma muda de roupa para ela. Dormiu e eu fiquei ao seu lado esperando-a acordar para me contar o que tinha-lhe acontecido”

4ª PARTE: “Uma hora de vigília, eu a observava dormindo, sono nervoso, gemia. O que tinha acontecido com ela? Ficava-me perguntando. Meus olhos passeavam pelo corpo rechonchudo, tipo as pinturas as quais Renoir retratava, entretanto, Solange tinha um corpo muito apetitoso. Tirei esses pensamentos da cabeça, a guria tinha idade para ser minha filha. Porra! Eu tinha acabado de dar um banho nela. Acordou, esperei:”

Eu também aguardei o relato ainda espantado com a citação de Renoir pelo Silva, eu não tinha o conhecimento que algum dia ele tivesse entrado em contato com as pinturas do pintor. Contudo, quem disse que um taxista não possa conhecer tais pinturas? Preconceito meu, infelizmente.

Silva continuou o relato, eu tinha viajado em meus ordinários pensamentos.

“Que aconteceu Silva? Perguntou-me Solange”

“Você que tem de me dizer, ou melhor, esclarecer o porquê do sangue em sua roupa. Disse-lhe sem pestanejar”

“Ela me olhou, e pareceu-me que seus olhos obumbraram. Chorou, esperei, chorou uns cincos minutos, aguardei.

“Fiz uma grande besteira, Silva. Agora vi o desespero em seu olhar”

“Diga-me”

“Matei os desgraçados que estupraram minha irmã”

“Gelei. Ao ouvir sair da sua boca a palavra matei, tremi. O que aquela menina fizera meu Deus!!?”

“Ela me olhou com os olhos turvos e começou a me contar o acontecido”

“Eu sabia que os desgraçados já tinham estuprado diversas garotas naquele lugar, sai perguntado quem era os sujeitos, andei pelo bairro, fui até perto das casas deles. E descobri que eram bandidos perigosos, assaltantes de residências, e são suspeitos de vários homicídios na cidade. Eu não podia deixar impune a minha desgraça, desgraça da minha irmãzinha. Bolei um plano para vingar-se. Peguei três garrafas de whisky vagabundo no mercado, duas enchi de sonífero, deixei uma como isca. Passei pelo local uma vez, e eles não estavam lá. Ontem sai com as garrafas, tirei a minha calçinha e fui para o escadão. E os vi vindo para o meu lado, no primeiro momento fiquei nervosa”

“Fez uma pausa e me aguardou dizer algo. Mantive-me em silêncio. Você sabe como é difícil para eu ficar calado. E lembrei que quando dei banho nela, realmente ela estava sem a roupa de baixo”

“Continuou:”

“Chegaram perto e começou a me dizer palavrões, o que eles iriam fazer comigo, coisas doentia, eu virei para eles e disse-lhes que ainda era virgem. Eles riram, diziam que eu mentia, mandei um dele enfiar o dedo em minha vulva e conferir, ao ver que eu estava sem calçinha ele ficou doido, introduziu o dedo dentro de mim e esbarrar no meu hímen, o bandido gritou para o outro marginal e riram e pularam, ainda sem acreditar. Foi quando eu lhe mostrei a bebida e falei com eles se bebêssemos ficaria bem melhor, eu não iria sentir muita dor, não gritaria, os imbecis acreditaram, eu lhes dei as garrafas com os soníferos, tomei na outra, eles se despiram e fizeram-me brincar com seus órgãos genitais, como fedia a sebo podres, chupei-os com ódio, aquela coisa tinha estourado minha irmãzinha por dentro. Eles começaram a se tontear, gritaram comigo, chamaram-me de vagabunda, sentiram que tinha algo errado com o whisky. Gritaram: Essa desgraçada batizou a bebida! Caíram duros, o corpo e a coisa deles. Peguei a velha navalha que meu pai usava, a única herança deixado por ele para a família antes de morrer. Calmamente cortei o pênis juntamente com os seus sacos. Fiz e um e depois fiz no outro, parecia que eu estava em um ritual. Coloquei os órgãos em suas bocas e sai. Não sei quanto tempo eu fiquei em transe, foi quando me dei conta que estava na rua 2 e a roupas suja de sangue, vi um orelhão, liguei para você e escondi-me. Não lembro de nada mais”

5ª PARTE: Fiquei boquiaberto olhando para o Silva, sem acreditar no absurdo da história. Disse-lhe:

-Nunca li nada sobre isso nos jornais Silva, na verdade em lugar nenhum. Senti que ele ficou decepcionado com a minha incredibilidade.

“É difícil de acreditar, eu sei”

“Saiu sim no Jornal*, entretanto, saiu a seguinte matéria:

“Foram encontrados dois corpos de dois conhecidos marginais procurado pela polícia do Município*. Os corpos estavam no meio do mato perto da subida do escadão do Bairro*, porém, os corpos tinham sido mutilados em algumas partes pelos vira-latas"

"O policial-civil Roberto* disse para o Jornal* que eles não tinham nada mais por investigar, pois, foi constado que a morte foi causada por overdose de cocaína: lia-se no Jornal*"

Os vestígios deixados pela Solange tinham sumido como por mágicas, as garrafas. Os órgãos dos bandidos foram devorados pelos cães.

-E a garota? Inquiri.

“Levei-a do hotel para casa, a tranquilizei. Um anos depois desse acontecimento a mãe dela morreu, e seis meses após isso, a irmã desencarnou decorrente da violência, o corpo não suportou. Como você pode ver, a esperança da menina Solange foi posta a prova diversas vezes. E tem mais; sem família, não demorou muito perdeu o emprego, as Casas da Banha faliram. Ela não recebeu nada dos seus direitos trabalhistas, igual a pai, espera até hoje para ter seus direitos reconhecidos pela justiça. Ela se casou, hoje tem quatros netos, de vez em quando ela vem até aqui e conversamos sobre o passado”

Silva terminou o causo, atendeu um freguês, voltou e começou falar sobre futebol, a sua paixão incondicional ao time Vasco da Gama. Ouvi a sua reclamação com o time, seu choro com as perdas de pontos no campeonato. Como não ouvir? Sofro com isso, porém, faz parte de um todo. Emocionar-me com seus causos, e a vontade de vomitar quando ele fala sobre seu time de coração.



FIM


Kaka de Souza

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Artes nas ruas: Volta redonda

Você passa e não me contempla

2ª Parte


















Artes nas ruas: Volta redonda

Você passa e não me contempla

1ª Parte







ARTES NAS RUAS































sábado, 16 de outubro de 2010

A CAGADA ELEITOREIRA



Quinho recebeu uma carta de sua irmã com os seguintes dizeres: urgente e outras tantas palavras, entretanto, ele pediu para seu velho vizinho ler, pois, Quinho era analfabeto. Quando pequeno, exatamente no dia que ele foi á escola, um grande fazendeiro com o codinome de coronel, o qual mandava e desmandava na região tinha mandado derrubar o colégio dizendo que não queria ninguém letrado em seu domínio. Por isso a sua necessidade de procurar alguém que a lesse. A carta dizia que a irmã estava muito doente e queria falar muito com ele. Sua preocupação foi imensa, seu único laço parentesco estava doente. Partiu do interior da Urbe Grande para o centro.
Joaquim da Cruz ( Quinho) é um sujeito simples, trabalhador rural, plantava em seu sitio hortaliças e frutas, tinha duas vaquinhas, uma cabra, um casal de suínos. Fazia manteiga e queijos, que somando com o que ele cultivava em suas terras era mais do que suficiente para ele viver bem. O que sobrava ele vendia em sua pequena vila.
Deixou o velho cuidando do sítio e viajou por horas até chegar na Urbe Grande. Na rodoviária perguntou como chegar no bairro aonde sua irmã morava. Não conhecia nada de nada de Cidade Grande, aliás, não conhecia Cidade alguma. Nasceu e foi criado na roça. Conhecia tudo das culturas de plantações, de animais, a época certa das cultivações de milhos, feijão, verduras. Só não sabia ler, ah, também conhecia os movimentos da lua.
No caminho para o ponto de ônibus precisava passar no centro da Urbe. Sentiu um tremor estranho na barriga, dor intensa, o salgado que ele comera não lhe fez bem. Colocou a mão na barriga tentando segurar.
Um guarda - municipal achou estranho um sujeito curvado apertando a barriga. Pensou: deve estar mal-intencionado. O seguiu.
Quinho desesperado andando na calçada com pessoas lhe esbarrando, 10 horas da manhã, tumulto total. Ele suava com a dor intensa na barriga. Parecia-lhe ser a mesma dor de suas vaquinhas ao parir. Não se aguentava mais, viu um canto, uma esquina, encostou na parede, desceu as calças, abaixou e deixou sair o barro.
As pessoas pararam ao ver tamanho atrevimento, carros buzinavam, pessoas gritavam. Pararam em sua frente. Umas á gargalhar. Outras com olhares recriminadores e diziam:
“- Que barbárie”
Quinho com a cabeça abaixada, sentindo-se no mato perto de sua casa, ainda não tinha notado o tumulto que sua cagada estava causando.
O guarda – municipal chegou, e ao ver o homem que ele estava seguindo na posição fecal, começou a gritar, pegou o cassetete e foi para cima do pobre Quinho, que absorto em sua limpeza intestinal não via nada e nem ouvia.
E quando a mão do guarda levantou para agredi-lo, uma outra mão salvadora segurou-lhe a arma.
-O que é isso seu animal, deixa o homem fazer a merda tranquilo. Era um negão de quase dois metros de altura que defendeu o cagão.
-Cagar na rua é crime. Gritou o guarda.
-Que crime, quando que cagar é crime?
-Atentado ao pudor, seu desinformado. Gritou raivosamente o funcionário público.
Quinho, alapardado em seu canto tranqüilo não estava e nem tinha condição de observar ao seu redor.
Devo dizer que era época de eleição, os últimos dias da propaganda eleitoral. E nessa Avenida que Quinho parou para dar uma cagadinha os políticos estavam nesse momento fazendo campanha. Devo esclarecer que tinham políticos da esquerda, da direta, esquerda quase chegando na direita. Uns eram católicos, outras protestantes, uns que pendiam para o lado que mais lhes interessavam.E acompanhando esses bando os canais de TV mais importantes da Cidadela.
Os políticos estranharam quando não eram mais o centro de atenção das lentes das TVs, foi quando ouviram:
“Tem um louco cagando na rua”
O infeliz; não. O simplório Quinho ainda em seu particular, que já não tão particular, não sabia, e como saber que a sua cagando poderia provocar uma mudança sem igual na política de sua Cidade.
Os canais de TVs chegaram e começaram a filmar. E por conseguinte os políticos estavam abismados com que seus olhares viam.
Os candidatos com chances de serem eleitos, tanto da esquerda, quanto da direita gritaram:
-Prendam esse homem, onde já se viu isso, defecar assim em público. Foram uníssonos.
-Ele tem todo o direito, está na constituição. Gritaram os radicais, que gritam sem saber o porquê, criando artigos de lei em suas mentes fantasiosas.
O Jornalista vira para o candidato que está em segundo nas intenções de votos na Urbe e pergunta:
-O senhor acha que o rapaz ali acachapado deve ser preso? Perguntou apontando o dedo para o acomodado Quinho.
-Claro que sim, isso é uma barbárie, segundo á bíblia e também em nossa constituição, a nossa cultura não permite isso. Daqui a poucos todos vão se achar no direto de também defecarem nas ruas da Urbe.
E como a Lei Eleitoral da Cidadela não permite que se entreviste somente um candidato, virou para o outro que estavam em frente nas pesquisas de intenção de votos e fez a mesma pergunta:
-O senhor acha que o rapaz ali acachapado deve ser preso?
-Claro que sim, isso é uma barbárie, segundo á bíblia e também em nossa constituição, a nossa cultura não permite isso. Daqui a poucos todos vão achar no direto de também defecarem na rua.
Parecia que os dois candidatos tiveram aulas com o Professor Papagaio (importante Aspone da política da Cidadela). Os jornalistas das emissoras se entreolharam. Não riram, mas, seria o comentário deles durante alguns dias.
Quinho em seu cantinho ainda em sua limpeza intestinal, acocorado, sem saber que a sua cagada poderia provocar um grande embate nas eleição em uma Urbe que ele mal tinha chegado e conhecido.
E com a rapidez instantânea das informações nas mídias, em poucos segundos o debate estava na boca do povo.
Cientista político tentava explicar a mudanças de atitudes e nas falas dos candidatos.
Boatos na Web surgiam como um vírus HN1, boatos difamando candidatos que antes eram a favor de uma pequena cagadinha aliciadora.
Alguns jornalistas influenciados pelo vírus perguntavam: Mas, você sempre foi a favor e dizia que todos tem direitos de decidir aonde quer cagar. Se a público ou no privado. Agora na eleição tu és contra, e desdiz o que sempre falou?
-Nada disso, e nunca disse nada em relação do fato de defecar nas ruas. E hoje mesmo eu assinei o manifesto contra essa atitude.
-Eu também. Gritou o outro candidato, o segundo na pesquisa de intenção de votos.
Os jornalistas perguntam para os candidatos:
-Os senhores não vão lá e perguntar o que o rapaz acha disso tudo?
-Para quê? Quem caga na rua, não tem direito algum.
E agora todos estavam contra a cagada do Quinho na Avenida. As igrejas, tanto protestantes como as católicas. Padres e pastores estavam junto na cruzada religiosa contra a cagada do trabalhador rural.
E as propagandas políticas tomaram um rumo mais alienantes ainda, como era normal naquela Urbe. Só se falavam sobre a cagada do Quinho. Educação, saúde, segurança? Tiraram das suas pautas políticas. Debater para solucionar? Nem em sonho. O que importa é confundir o eleitor para serem eleitos.
As falas dos candidatos eram as mesmas: no meu governo ninguém vai defecar na rua, essa é a minha principal meta. Todos concordando com a igreja: defecar somente em caso extremo, mesmo assim atrás de um matinho. Agora todos falavam a mesma língua, as quais interessavam a igreja e a sociedade conservadora da Urbe.
Quinho acabou de merdar, levantou a cabeça e estranhou, ninguém, as pessoas passavam e não o olhava. Pegou um papel no chão, limpou a bunda. Vestiu a calça e foi atrás de sua querida irmã.
Nada de se estranhar em uma Urbe onde as pessoas sofre de amnésia política e continua votando em candidatos comprovadamente desonestos.

Kaká de Souza

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O Ônibus



Estava eu, sentado tranquilamente dentro de um coletivo, indo do meu bairro para o centro da cidade. No meio do caminho entra uma senhora com dois filhos, uma menina que deveria está com a idade de quatro anos e um garoto que não deveria ter mais de dez anos. Sentaram-se, a menininha do lado da janela e garoto no banco do corredor. A mãe em pé com o celular no ouvido falando não se sabe com quem. O garoto começou a beliscar a irmã, queria ir para a janela. A menina chorava e gritava pela mãe que no telefone não dava a mínima para as crianças. O garoto começou a puxar o cabelo da garota bater-lhe no rosto. A garota chorava e gritava. A mãe ainda com o celular no ouvido dizia:

“Fica quietas crianças”

Um rapaz ao meu lado, apesar da vibração excessiva do coletivo, estava lendo ou tentando ler um jornal atrasado, do dia anterior, a manchete era sobre o caso Bruno, goleiro do flamengo. Talvez, não sei, pode até ser, que ele se envolveu emocionalmente com as notícias e soltou a seguinte frase, acredito eu, que foi sem querer:

“É assim que começa, espanca a irmã mais nova, cresce, espanca a esposa. Ninguém deve estranhar quando sua cara aparece estampada nas páginas dos jornais por ter agido com brutalidade contra alguém.

Malditos sentidos feminino com os quais elas conseguem fazer diversas coisas ao mesmo tempo, falar e ouvir as pessoas ao seu redor, eu e o pobre do rapaz comprovamos isso, pois, quando ia abrir a minha boca para apoiá-lo, a mãe das crianças afastou o celular do ouvido e virou raivosamente para o rapaz:

“O quê! Você está dizendo que o meu filho é um marginal?”

“Não é isso.....”

Tentou argumentar, ela não deixou.

“O senhor disse isso mesmo, disse que o meu filho é um futuro bandido”

“Dona, eu não disse nada disso”

Na verdade, ele disse quase isso. E que não era difícil supor para quem estava dentro do ônibus que não era normal uma criança espancar outra com tamanha violência como aquele menino fizera com a irmã, sem que a mãe tomasse nenhuma atitude. E vendo aquilo, achávamos que na casa do menino deveria ser comum tal espancamento praticado por ele na irmã. Claro que covardemente mantemos o nosso silêncio, enquanto o rapaz ao meu lado estava ouvindo horrores.

O clima dentro do coletivo tornara-se tenso devido um comentário politicamente correto que foi solto no ar, assim, meio sem querer. Sendo um comentário ouvido por uma mãe que não enxergava além do seu umbigo. Pode até ser que ela tenha outros sentidos apurados, além de prestar atenção em várias coisas ao mesmo tempo, mas o de ser mãe ficou-me a dúvida.

A mulher disse-lhes palavras tão ofensivas e com palavrões que nem Houaiss ousaria colocar em seu dicionário, e nem eu tenho coragem para colocá-las aqui, nessa página. A turma do deixa disso tentou acalmar a dona, e ao mesmo tempo ficar do lado do rapaz da infeliz frase, decerto que não obtiveram sucesso. A mãe das crianças em sua visão turva, agora achava que o menino estava correto ao espancar a irmã manhosa. Fez-nos entender isso entre gritos raivosos e apontando o dedo para o nosso malfadado comentarista.

Diante do tumulto o motorista parou o “busão” (termo muito usado pelos jovens) para tentar resolver o imbróglio, pois, a mulher queria de qualquer jeito espancar o pobre do indivíduo. E, eu ao seu lado sendo exprimido na janela preocupado em levar as sobras dos tapas caso ela se soltasse das mãos da turma do ‘deixa disso’ e partisse para cima do infortunado, claro que iria sobrar para mim. Os filhos vendo a cena choravam apavorados. Até mesmo o pequeno responsável.

O rapaz sentindo que o ódio da mulher por ele agora seria demonstrado em forma de agressão, aproveitou uma brecha no tumulto e na porta, pulou, o motorista perdido com os gritos esganiçado da mulher agradeceu aos céus quando viu o objeto da raiva da mulher pular fora do coletivo.

Como o ser mais próximo do “causador do tumulto”, fiquei aliviado ao vê-lo descer correndo. A desbocada, e mal preparada mãe foi falando em nosso ouvido até chegarmos ao centro da cidade.

Andar de busão é isso, um dia sem espaço nem no corredor, outros com espaço e pessoas exóticas. Gentes interessantes, outras nem tanto, mas tudo é vida, viver é assim, um dia tranqüilo, outros nem tanto.

Kaká de Souza

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A DESCONSTRUÇÃO DA AVENIDA AMARAL PEIXOTO EM VOLTA REDONDA.



Desconstruir para revitalizar, como se pode ver pelas fotos, a idéia é tirar os postes da rua e passar os fios por uma galeria subterrânea. O projeto também é transferir de local a subestação da Light (FOTOS ANEXAS) e ali fazer um centro comercial (shopping). Uma modernização, que acredito ser necessária para a cidade. E recomendo para quem venha de carro das cidades circunvizinhas: Barra do Pirai, Pinheiral, Vassouras, Três Rios etc, que passe pela Avenida Getulio Vargas (Complemento da BR 393), pois, o trânsito de ônibus e automóveis faz com que gaste muito tempo na travessia.

E como as lojas funciona normalmente, de segunda a sexta-feira os trabalhadores da obra se misturam com os transeuntes que fazem as suas compras nas lojas. Além de muita poeira levantada, os pedestres têm de desviar-se dos entulhos na calçada. E não tem jeito, não adianta reclamar, modernidade transtorna no primeiro momento. Aqui estão postadas as fotos para conferirmos O ANTES E O DEPOIS.